Nova iniciativa para impulsionar a utilização de dados para a investigação sobre saúde mental em África

NAIROBI, 22 de Dezembro de 2023 – O Centro Africano de Investigação sobre População e Saúde (APHRC), em parceria com a Wellcome, vai apresentar uma nova iniciativa em 2024 que visa superar as lacunas existentes na nossa compreensão da ansiedade, depressão e psicose e melhorar a prática de tomada de decisões com base em provas em África.

O Prémio de Dados de Saúde Mental - África está a embarcar numa viagem transformadora, aproveitando os dados existentes e as informações com base em dados para estimular a inovação e remodelar o panorama da saúde mental através da investigação que resolve desafios, reforçando assim as capacidades de dados do continente. No âmbito da iniciativa, serão criadas equipas multidisciplinares para gerar inovações escaláveis e conhecimentos com base em dados que possam contribuir para a nossa compreensão da ansiedade, da depressão e da psicose em África. O prémio financiado pela Wellcome é o primeiro do seu género e está aberto a inovadores, investigadores e empresas em fase de arranque (startups), cujas iniciativas irão competir por um máximo de 5 a 10 prémios, cada um avaliado em 200 000 libras esterlinas, com financiamento durante 12 meses.

Como parte dessa iniciativa, os indivíduos interessados podem inscrever-se num programa gratuito de reforço das capacidades durante cinco meses. O objectivo é ajudá-los a explorar todo o potencial da ciência de dados, da análise estatística avançada e dos algoritmos de aprendizagem automática adaptados às aplicações de saúde mental no continente. O APHRC vai ajudar na formação de equipas multidisciplinares, na correspondência entre indivíduos e na disponibilização de acesso a fontes de dados identificadas. “O prémio é um apelo a toda a fraternidade da saúde mental em África para que se una na luta contra a ansiedade, a depressão e a psicose, que são as doenças mais prevalecentes na região e a nível mundial. O prémio existe para impulsionar a excelência e a inovação no aproveitamento de dados para resolver alguns dos nossos maiores desafios em matéria de saúde mental, reunindo as melhores mentes na investigação em saúde mental e na análise de dados de todo o continente”, afirmou Catherine Kyobutungi, Directora Executiva do APHRC.

A Dr.ª Kyobutungi afirmou que existem lacunas significativas nos dados sobre a saúde mental em África, o que limita a compreensão da escala dos desafios, bem como as provas disponíveis para servir de base para intervenções contra a ansiedade, a depressão e a psicose, desafios que o prémio procura resolver.

Ekin Bolukbasi, o Gestor do Prémio de Dados da Wellcome, afirmou: “Este prémio inovador demonstra o nosso compromisso em ajudar a criar um mundo onde ninguém seja prejudicado por problemas de saúde mental. O seu objectivo é promover a ciência da saúde mental, transformando a sua capacidade de fazer face aos desafios existentes no continente através da prevenção, gestão e tratamento. Juntos, temos a oportunidade de melhorar a compreensão da trajectória e da resolução das perturbações mentais comuns para um futuro melhor e mais resiliente para todos”.

A Organização Mundial da Saúde estima que 116 milhões de pessoas em África viviam com uma doença mental antes da pandemia da COVID-19. A elevada prevalência de problemas de saúde mental tem sido impulsionada por desafios da vida quotidiana, conflitos generalizados, emergências de saúde pública e outros factores. Esta situação tem tido um grande impacto na vida das pessoas, afectando a sua capacidade de funcionar e prosperar e levando à perda de produtividade, grande sofrimento e dor emocional para os indivíduos, as suas famílias e as comunidades.

Contudo, o acesso a cuidados de saúde mental de qualidade no continente é limitado, principalmente devido a investimentos inadequados em serviços de prevenção, tratamento e reabilitação. Dados abrangentes e actualizados podem ajudar a compreender melhor a ansiedade, a depressão e a psicose, a avaliar o acesso aos serviços de saúde mental e a identificar intervenções eficazes. Isto serve de base para estratégias específicas para fazer face aos desafios existentes em matéria de saúde mental em África.